3° Apresentação - New Directions

Logo ao começo da música, estiquei um dos braços, como se quisesse alcançar alguém que estava bem a minha frente, sem sucesso. Incrivelmente, minha voz soara normal, com a intensidade que eu queria e no tom certo. Segui o ritmo normal da música, apenas colocando a minha emoção nela - que obviamente não era a mesma do cantor original. Logo após o ' leave some morphine at my door ' fiz uma curta pausa, de acordo com a música, seguindo em frente logo em seguida. Fechei os olhos, lembrando da última vez que tinha me sentido da forma que a música dizia. Uma briga com Mercedes, não muito séria, mas que sugara todas as minhas forças. É, eu precisava dela mais do que tudo. Parecendo estar perdendo minhas forças novamente, abaixei meus joelhos um pouco, como se tivesse sido atingido por uma onda de fraqueza.

Abri meus braços em sua máxima extensão, agora abrindo os olhos e olhando pra cima. Mais luzes azuis apareceram ao longo do palco, enquanto eu chegava no segundo verso. Assim que pronunciei ‘Knees’, caí de joelhos ao chão, e ao terceiro verso coloquei as palmas da mão no chão com a coluna um tanto envergada para frente, antes de girar lentamente , me erguendo ao mesmo tempo. Meu olhar, antes digno de uma pessoa 'derrotada' agora era determinado. Andei até a frente do palco com as luzes azuis me seguindo, continuando a música.

Minha voz agora trazia a mesma determinação de meus olhos. Não que eu tivesse mudado muito a entonação da voz - não queria estragar a música, que era uma balada relativamente lenta - mas era possível ouvir e sentir a diferença. Ergui uma das mãos logo no primeiro verso e em seguida apontara para frente. Segui o ritmo da música numa pequena dança solitária, abaixando o olhar ao dizer “Eyes” antes de dar leves passos para trás em “Walk away” voltando à expressão triste de antes. Mal conseguia imaginar como seria se Mercedes fosse embora com meu filho. Nosso filho. Ela até tinha mencionado aquilo em uma de nossas conversas - a conversa em que eu soube que ia ser pai. Reprimi o desejo de chacoalhar a cabeça para afastar aqueles pensamentos, voltando a me concentrar unicamente na apresentação. Me posicionei novamente no meio do palco, enquanto as luzes azuis praticamente tomavam conta deste, quando mecanismos no “teto” do palco escondidos deixavam cair pequenos papeis brilhantes prateados simulando uma chuva ao final da estrofe.

Deslizei para o lado direito do palco, dando um giro um tanto rápido, mas gentil aos olhos de quem estavam me assistindo. Os papéis pararam de cair e luzes vermelhas fortes se juntarão as azuis, mas ficarão somente pelos lados do palco sem me atingir diretamente. Deixei um pé deslizar para frente parando com o outro joelho no chão em “Their shoes”, e do mesmo jeito que fui, fiz o inverso, ficando em pé novamente. Prossegui a música, notando a semelhança da história do tal 'garoto' com a minha. Realmente, o pai de Mercedes não gostava muito de mim, e com razão, eu não era o melhor genro do mundo. Ainda não conseguia imaginar qual seria a reação dele ao saber que seria vovô e... É, cá estou eu me distraindo de novo. Andei até a frente do palco no ultimo verso apontando para mim mesmo em “guy”, dando um sorrisinho triste e rápido antes de continuar a música.

Dessa vez, ao invés das luzes azuis, as vermelhas que se concentraram em mim, me seguindo pelo palco. Uma garota entrou no palco, e eu caminhei em direção à ela em passos rápidos e ela fez o mesmo. Tomei a mão desta, puxando-a para mim e iniciando novamente uma dança. A cada “I’ll try” rodei a garota em volta de si mesma, que girara nesse passo muito conhecido da dança, o passo que a cada “I’ll try” as luzes piscaram em cores diferentes, primeiro as vermelhas, depois as azuis, logo em seguida as verdes e por fim as roxas. A garota, no verso seguinte, se separou de mim, dando um forte empurrão no meu peito que me fez dar um passo para trás para não cair.Fiz uma careta chocada, seguida de uma triste - imaginando fielmente que aquela garota era a 'minha garota'. A fulana virou-se e foi embora. Passei a mão de leve por cima do peito, no lugar onde meu coração se encontrava, como se sentisse ele quebrar. Instantes depois, fechei a mão em punho, olhando rápido para a garota que também parara no meio do caminho e olhara para mim antes de ir embora pelo mesmo caminho que tinha vindo, com uma luz vermelha que pairava sobre ela.

Logo ao primeiro verso, abri os braços novamente, dando giros pelo palco enquanto as luzes se transformam num laranja e amarelo. Apontei para frente, novamente sendo tomado por aquele arroubo de determinação, antes de parar com os dois pés firmes no meio do palco com as luzes se transformando num azul céu no terceiro verso, e assim foi se clareando até um branco, com uma luz mais forte branca no centro onde eu estava antes da “chuva” voltar novamente, mas invés de ser prateada era num tom de vermelho-sangue. As luzes somem deixando somente uma branca em cima de mim, que agora tinha os olhos fechados e o queixo apontando para cima, como se estivesse aproveitando a “chuva”.

Estendi o primeiro 'say' mais que o normal, mantendo a afinação na minha voz. Aquela parte era mais dificil que as outras, apesar de ser mais curta e eu sabia que não era o melhor cantor do ND. Mas se a música exigia de mim, eu iria aceitar o desafio de braços abertos. Coloquei uma das mãos sobre o peito, onde meu coração pulsava enquanto erguia a outra mão à frente mostrando a palma, como num sinal para parar. Passei um dos meus pés pelo chão rapidamente, levantando a chuva vermelha e prateada à minha volta.

A música se aproximava do fim, então era hora de realmente 'arrasar'. Estendi meu vocal ao máximo que conseguia, subindo um tom para diferenciar a última estrofe das outras. A “chuva” continuara enquanto fui devagar até a beirada do palco. A cada passo que dava a luz branca era deixada para trás e uma nova era ligada em cima de mim - como uma passarela de luzes - enquanto a que foi deixada para trás é desligada. Quando cheguei a parte do “Sunlight”, no primeiro verso, estava sob uma luz laranja meio amarelado. Prossegui a música, impondo toda a minha força. Ao chegar no terceiro verso, “Clear skies”, estava sob uma luz azul-celeste, voltando depois para o branco onde, atrás do palco, era possível notar que era acendidas pequenas estrelas brilhantes. Assim que cheguei à beirada, fechei os olhos, virando novamente de costas para a plateia - como tinha iniciado a apresentação - enquanto abaixava o olhar e a chuva, assim como a luz sobre mim, vão gradativamente diminuindo até acabar e somente sobrar as estrelas dando certa luz ao palco. Estendi o último rain mais que o normal, terminando a música, enquanto a banda também terminava.