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Sala de Artes

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Mensagem por Soundtrack Seg 15 Jun 2020 - 22:14


Sala de Artes


O local lembra um estúdio de balé a primeira vista, por ser rodeado por espelhos em todas as direções que se olhar e possuindo até mesmo algumas barras. Grandes caixas de som se encontram em cada uma das pontas do espaço. É sempre usado pelos membros do coral da escola, o Vocal Adrenaline, para praticarem suas performances, e também pode-se encontrar os membros do clube de teatro, já que a sala é de grande dimensão.
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Mensagem por Dexter F. Schuester Sex 19 Jun 2020 - 20:03

Tag: D+A
Never Really Over
"Desde criança todos me diziam "Você vai ser uma estrela, Dexter"; " Você foi feito para a Broadway e o estreleto". Eles estava certos, eu devo admitir isso. No entanto, consegui tudo isso por preço muito alto. Houveram mais perdas do que eu seria capaz de contar. E cada uma dessas perdas fez com que meu coração fosse se apagando gradualmente. Eu me tornei a estrela que eles sempre disseram que eu seria, mas um vazio tomou conta de mim. E esse vazio começa exatamente assim…"

Cinco anos antes

Eu falava entusiasmadamente sobre minhas novas instalações, sobre como Nova York parecia mais encantadora pessoalmente, sobre como nosso futuro parecia mais lindo ali. Anthony apenas escutava, dava alguns sorrisos vez ou outra. Algo estava estranho, muito estranho. Segurei sua mão um pouco mais forte, estávamos cruzando a parte central da quinta avenida. Olhei para Tony, meus olhos exibindo toda a preocupacão acerca do que estava acontecendo. Virei para ele após soltar sua mão, o questionando: - O que está acontecendo, Anthony? Seu rosto está bem claro quanto a algo que te incomoda. - Anthony permaneceu em silêncio por algum tempo, sua visão mirando o chão. Levei minha mão até seu rosto, o levantei para olhar diretamente para mim: - O que está acontecendo? - Depois de algum tempo sem nenhuma palavra, Anthony começou a falar: - O que eu vou fazer é a coisa mais difícil que já tive de fazer, Dex. Eu não posso te deixar atado a mim, você precisa viver tudo que o futuro tem guardado para você. E, infelizmente, eu sinto que não faço parte disso. Eu me culparia para sempre se não te tornasse livre para ser uma estrela e voar.

- Espera, você está terminando comigo. É isso? - Parei subitamente, meu rosto estupefato com as palavras. Era ele que eu queria para o resto da vida, juntos havíamos vivido tanta coisa. E ali, na cidade dos meus sonhos, Anthony veio apenas para acabar nosso namoro? Procurei algumas palavras, sendo falho na tentativa de achá-las. Permaneci em silêncio após a pergunta. Anthony se aproximou de mim, pegou meu rosto com suas mãos forte: - Você vai ser uma estrela, Dexter. Você nasceu para isso, e você vai conseguir. Eu não posso mais nos enganar, nem a você e nem a mim. Tudo que vivemos serão bonitas memórias, mas eu preciso te deixar ir. - Ele sempre foi mais duro, pouco chorava. No entanto, em seus olhos, pequenas lágrimas serpenteavam os cantos. Coloquei minhas mãos nas suas, já chorando diante de tudo: - Você não pode desistir da gente. Não desiste de mim, nós podemos achar uma forma de conter a distância. Por favor?! - Anthony segurou minhas mãos e depositou um beijo profundo nas costas delas: - Eu sinto muito por isso, Dex. Mas eu sigo na esperança de ver você brilhar, e você irá.

Meu amado soltou minhas mãos e deu as costas, passou a caminhar sozinho. Não pude resistir ao meu instinto de gritar: - ANTHONY? ANTHONY? Você não pode me deixar aqui sozinho. Eu… - "Eu tenho tanto para te falar", a frase foi completada em minha cabeça. Lágrimas desciam pelo meu rosto em prantos. E o lugar que era minha cidade dos sonhos, logo se tornou o palco da maior dor que o meu coração era capaz de sentir.


2 anos antes

A produção de Rent estava um sucesso, muito bem, obrigado. Com o decorrer dos momentos decisivos do curso em NYADA, ter conseguido aquele papel foi estupendo para minha carreira ascendente. Depois de duas apresentações consecutivas no final de semana, a melhor coisa seria ir para casa e descansar. Além de tudo, agora existia Calvin, ele fazia com que as coisas não fossem apenas eu. Parecia que eu havia encontrado um bom par para nomear como "Nós". Ao sair do teatro, percebi uma mão segurando a minha: - Gostaria de uma companhia para casa? - Dei um sorriso para ele: - Claro que sim, meu caro. - Fomos caminhando pela quinta avenida. Eu havia concordado que ela podia ser o assessor da minha carreira, parecia ser a coisa certa a se fazer. Calvin era habilidoso no que dizia respeito à gerenciar. Resolvemos parar num restaurante chinês, o outro parecia esconder algo de mim. Quando estávamos na mesa, resolvi perguntar: - O que você está me escondendo? - Lembrei-me do meu fim com Anthony, a mesma pergunta tinha sido feita. Algo em mim temeu a resposta.

- Digamos que eu tenho algo para você, um comunicado que chegou ao meu email. - Calvin estendeu a cópia de um email impresso para mim. Passei os olhos pela escrita, fiquei petrificado diante do que li. A Capitol Records, uma das maiores gravadoras dos EUA, queria gravar um EP meu. E, dependendo do sucesso, eu assinaria meu primeiro álbum: - Por Afrodite, isso é verdade? Não é piada, né? - Calvin balançou a cabeça negativamente. Dei um grito que assustou algumas pessoas do restaurante. Meus pulinhos de felicidade se findaram ao abraçar Calvin: - Eu vou assinar com a Capitol! - Falei em alto e bom som.

Calvin manteve seus braços ao redor de mim, era como se compartilhássemos algo único e infinito diante daquela vida louca. Depois eu minha cabeça em seu ombro direito e senti algumas lágrimas de alegria rolarem por minha face. Tudo parecia o sonho que eu sempre quis que fosse realidade. Naquela época, sem dúvidas, eu não imaginava como tudo seria no futuro. E foi melhor que eu nem imaginasse.


2 meses antes

O EP havia sido um sucesso, eu tinha conseguido assinar o contrato para dois álbuns futuros, a Capitol havia me assegurado aquilo. Com o final de NYADA, consegui uma vaga para interpretar Fiyero, em Wicked, numa produção que rodava os EUA. Depois de um longo mês de viagem, eis que estava de volta para meu apartamento em Nova York. Eu precisava de um descanso imediato. Com as consultas regulares com os psicólogos e psiquiatras, fui deixando a bebida de lado. Depois do susto que foi a minha primeira internação, fiquei com medo da mistura entre os remédios e o álcool. No entanto, minha relação com Calvin havia adquirido muito mais um teor de trabalho do que afetiva, ele vivia para realizar as funções da minha carreira. Como estava focado na carreira, acredito que tenha deixado muita coisa passar em branco. Ao entrar no apartamento, fui até ele e depositei um beijo em sua bochecha direita: - Desculpa pela demora, eu acabei perdendo o primeiro voo da Califórnia para cá. Estou muito cansado, dormi demais.

Calvin não demonstrou reação alguma, estava com o rosto sem expressão alguma. Falou brevemente: - Você deveria estar aqui desde a manhã de hoje, o álbum está em sua finalização. - Ainda de frente para ele, apenas disse: - Eu já me desculpei. Aliás, falei com os correspondentes da gravadora, eles disseram que não preciso ter tanta pressa. O álbum sairá perfeito. - Calvin me olhou com uma expressão de desgosto nos olhos: - Você nunca vai ser mais do que já é, caso continue assim, Dexter. - Aquelas palavras me pegaram despercebido. Senti algo dentro de mim me reprovar mais do que ele o fazia. Retirei uma caixinha da bolsa de ombros: - Bom, ao menos trouxe isso para você. É um bottom personalizado do show. - Depositei em cima da mesa, exatamente de frente para Calvin. Num ato rápido, ele jogou a caixa no chão: - Você pode arruinar sua carreira, vá em frente. Mas não me faça perder dinheiro. - Calvin levantou-se da mesa e me encarou.

- Dinheiro? É, ultimamente é só nisso que você consegue pensar. Nada de novo sob o sol. - Eu ainda não tinha assimilado o fato de ele jogar meu presente no chão daquela forma. Olhando em seus olhos de maneira fixa, fiquei tentando enxergar a enorme diferença do Calvin que eu conheci há alguns anos, ele havia sido substituído por aquela máquina sem sentimentos e que só pensava em ganhar dinheiro. - Quando não se tem nada melhor a pensar, melhor pensar no dinheiro mesmo. Você vive a base desses remédios, dessas terapias que te deixam mais louco do que você já é. Ninguém vai querer estar perto de você assim. - Meus olhos se arregalaram diante das palavras. Calvin estava conseguindo estrelar ainda mais o que restava de nós. Coloquei as mãos na cintura, o olhar fixo nele: - Se está tão desgostoso assim comigo, Calvin, encontra outra pessoa. Eu nunca te mantive cativo à mim.

- O que perdedores falam quando querem fugir, está até soando como um. - Calvin debochou na minha cara. Não parecia a melhor hora, mas já que os ânimos estavam agitados, joguei algo em sua cara: - Eu vou para Ohio, vai haver uma reunião dos corais dos tempos de escola. - Os olhos de incredulidade dele ficaram ainda piores com a revelação: - Ohio? Reunião de Corais? Tudo isso enquanto deveria começar a lançar o primeiro single? Você é uma decepção, Dexter. - Dei as costas para Calvin, não iria perdurar aquela situação por mais tempo. Com força, eis que ele segurou em meu braço direito e me fez voltar para olhar para ele. Me assustei: - O que é isso? Solta o meu braço. - Puxei fortemente meu braço dele. Havia fúria nos olhos dele, acredito que ele estava a beira de matar: - Você continua sendo aquele menino perdedor de Ohio, faz bem em voltar para seu grupinho. Ah, e tem aquele seu namoradinho, como ele chama? Anthony? É, deve ser isso. Volta para ele, parece um fim promissor de uma carreira que deveria ser de sucesso.

Eu não iria admitir aquilo, não que ele jogasse a minha história com Anthony em minha face. Levantei o dedo em seu rosto: - Eu não admito você usar isso contra mim. Eu não aceito, você não tem esse direito, Calvin. Não tem. - Percebi que algumas lágrimas escorriam por meu rosto ao lembrar de como tudo aconteceu, de como Anthony foi embora. Do fim. Lembrei que depois daquilo foi que eu havia passado a depender dos remédios, das terapias. E a bebida, a bebida que me acalentou por muito tempo. Calvin segurou meus dois braços: - Nem o perdedor de cidade pequena foi capaz de te aguentar. Ele te jogou fora, eu te fiz quem você é. Você deveria me agradecer. - Com um gesto rápido, Calvin empurrou-me. Bati contra a estante.

- Sai daqui! Sai da minha cada, sai da minha vida. VAI EMBORA, AGORA! - Apontei para a porta do apartamento, chorava e gritava ao mesmo tempo. Calvin pegou sua mochila de costas e saiu pela porta. Coloquei as duas mãos no rosto a chorar, sentei no chão frio. A estante com as bebidas estava bem atrás de mim. Puxei uma caixinha de comprimidos do bolso e joguei três pílulas na mãos, as engoli sem precisar de água. Me virei e encarei a estante, a abri e peguei uma garrafa de Whiskey envelhecido. Abri a garrafa e comecei a beber seu líquido amargo. Após alguns momentos bebendo, da garrafa já havia sido tomada a metade. Me levantei do chão e fui andando com a garrafa até o banheiro. Bebia enquanto andava, meu gênio fraco para bebida se manifestava. Sentia minhas pernas tontas. Ao chegar no banheiro, mirei meu rosto no espelho. Vi minha versão mais novo, aquela que sonhava com Nova York, aquela que tinha a certeza que ficaria com Anthony. "O que você está fazendo? Para, por favor!" - Tendo ouvido aquilo, deferi um soco contra o espelho. Ele se rachou em pedaços, um filete de sangue desceu por meu punho direito.

Não liguei para o sangue, tampouco para a dor causada pela pancada. Eu só queria beber e esquecer, virei a garrafa e deixei que a bebida fosse sorvida por meu corpo. Alguns minutos depois, restava apenas o fim da garrafa. Tornei a beber, consumi todo o resto da bebida. O sangue caia pelo chão do banheiro, eu estava devidamente tonto. Cambaleei até a parede e bati contra ela, posteriormente caindo no chão. Ao cair no chão, soltei a garrafa de bebida para o lado, apanhei a caixinha de remédio e tomei outros três. Peguei meu celular e abri na galeria de fotos antigas, a velha foto com Anthony no baile estava lá. Eu chorava desmedidamente. Sentindo minha cabeça girar e meu corpo emitir sinais de estar passando mal, sai da galeria e liguei para a emergência: - Alô, eu acho que eu preciso de ajuda. O endereço é entre a segunda e a terceira, Park Avenue. Eu… - Teria dito mais alguma coisa, no entanto, senti meu corpo ir se desligando aos poucos. Cai no chão do banheiro, mas ainda senti algumas poucas lágrimas descerem por meu rosto. Tudo aquilo porque eu só precisava descansar.


(...)

Após muito insistir, a psicóloga e o psiquiatra acreditaram que uma volta a Ohio iria me fazer bem. Um mês e meio de internamento na reabilitação havia sido um céu e um inferno, um misto de ambos. Acho que encontrei com meu lado que amava ajudar as pessoas, ouví-las. Descobri que podia me ajuda enquanto as ajudava. Ouvi todo tipo de história, das mais leves até as mais pesadas. Já estava fora da clínica há duas semanas, aos poucos tentava retornar minha vida em Nova York. Todas as bebidas de casa haviam sido jogadas no lixo, um amigo agora vivia comigo no apartamento. Ele era o responsável por controlar meus medicamentos. Parecia que eu tinha voltado ao período da infância. Além do mais, minhas sessões com a psicóloga ocupavam três dos meus sete dias da semana. Quando recebi sua permissão para viajar até Lima, senti uma parte de mim independente de novo.

Peguei o primeiro voo da manhã, levava na bolsa os medicamentos separados por horário para os dias que ficaria em Ohio. Não voei de primeira classe, como de costume, mas sim como uma pessoa comum. Algumas pessoas me olhavam estranho, no entanto, houveram muitas que pediram para tirar foto e autógrafos. O mais marcante foi ouvir de um garotinho: "Você é quem eu quero ser quando crescer", aquilo me fez tremer por dentro e ficar grato pela chance que a vida tinha me dado. Quando o avião pousou em Lima, recolhi minha mala e agradeci por não haver tanto tumulto no aeroporto. Tinha pedido um quarto no hotel central da cidade, seria um período de me conhecer de novo. E não, eu não decepcionaria meu terapêuta pela chance que havia me dado.

Quando o sol de Lima atingiu meu rosto, eis que fui capaz de descobrir a saudade que senti da minha cidade pequena. Eu poderia ter ido até o hotel, mas havia um lugar que eu precisava ir primeiro. Senti que a escola me esperava, era lá que eu me reencontraria. Uma viagem de táxi até Akron pareceu uma grande eternidade. Desci do táxi e puxei minha mala comigo. Admirando a fachada do colégio, cantei um verso baixo e calmo:

"I'm losing my self control
Yeah, you're starting to trickle back in
But I don't want to fall down the rabbit hole
Cross my heart, I won't do it again…"

Uma banda marcial tocava alguma notas nos terrenos da escola, era como se a batidas se aproximassem da canção que eu cantava. A magia da escola estava acontecendo. Puxei a mala comigo, caminhei em direção à entrada da Carmel. Subi as escadarias da entrada, a música percorrendo a minha cabeça e o meu corpo. Ao entrar no átrio da escola, me vi de frente para o grande corredor principal do colégio. Os barulhos das pessoas batendo os armário, palmas ritmadas, logo se chegaram ao ritmo da canção:

"I tell myself, tell myself, tell myself: Draw the line
And I do, I do
But, once in a while, I trip up and I cross the line
And I think of you…"
Passei por meu antigo armário, B17, que agora deveria pertencer a outro aluno. Foi como se eu fosse capaz de ver aquele garotinho sonhador colando fotografias de Nova York, pegando suas partituras do coral. Toquei em sua superfície fria, embora já nãos pudesse abrí-lo outra vez. Segui minha música e minha caminhada. Ao virar o corredor principal, entoei:

"Five years and just like that
My head still takes me back
Thought it was done, but I guess it’s never really over
Oh, we were such a mess
But wasn't it the best?
Thought it was done, but I guess it’s never really over…"

Alterei "two" por "five" no verso do refrão, o tempo exato ao qual minha vida mudou e eu havia ido embora da Carmel, de Ohio. Meus passos me levaram até a entrada da Sala de Artes e, ao cruzar a linha, me vi envolto a roupas de tecidos leves e hippies. Tudo estava transformado, me vi novamente no hospital para dependentes químicos. O seu vasto campo de recreação:

"Just because it’s over, doesn’t mean it’s really over
And if I think it over, maybe you’ll be coming over again
And I’ll have to get over you all over again."

Repeti o verso duas vezes, duas mãos seguraram as minhas e me conduziam pelo lugar. Eu caminhava no ritmo da música, a melodia agradável preenchia todo o lugar. As flores presentes na estampa de minhas roupas reluziam a luz do sol, uma sensação de leveza tomava conta do meu corpo. Sentei na grama, balançávamos nossos corpos em mesma sintonia:

"I guess I could try hypnotherapy
I gotta rewire this brain
'Cause I can't even go on the internet
Without even checking your name…"
Enquanto cantava, as mesmas duas pessoas que me seguraram pelas mãos, tomaram as mesmas e passaram a desenhar algo. Para calda palma das mãos, foi feita a metade de um coração. Em cada parte desse coração partido, logo estava escrito "Miss" e "You". Sinto saudades. E sentia, de fato. Sentia saudades quem eu era, da minha doçura e lado sonhador. Levantei da grama, ainda cantando:

"I tell myself, tell myself, tell myself: Draw the line
And I do, I do
But, once in a while, I trip up and I cross the line
And think of you…"
Todas as pessoas se espalharam atrás de mim, todos nós fazíamos o símbolo de um triângulo com as mãos. Os raios de sol ultrapassavam as figuras geométricas. Erguia um pouco a voz, subia as notas conforme desenvolvia o refrão da canção pela segunda vez:

"Five years and just like that
My head still takes me back
Thought it was done, but I guess it’s never really over
Oh, we were such a mess
But wasn't it the best?
Thought it was done, but I guess it’s never really over…"

Num movimento rápido e sincronizado, eu e as pessoas passaram a dançar em círculos pelo vasto gramado do lugar. Dois círculos grandes de pessoas foram formados em volta de mim. Eu girava a roupa de tecidos finos e leves, dando pequenos pulinhos no chão. Ao fazer isso, eu cantava ritmadamente:

"Just because it’s over, doesn’t mean it’s really over
And if I think it over, maybe you’ll be coming over again
And I’ll have to get over you all over again…"

Um coro me acompanhava na repetição do pequeno verso, nossas vozes repetiam-se no ritmo da canção. Numa das rodas de contação de histórias da clínica, me vi com os outros ao redor de uma fogueira. Era como a minha vez de contar a história. O ritmo da canção se amanssou um pouco, apenas algumas notas soltas. Suavemente, como se contasse a história, eu cantava calmamente:

"Thought we kissed goodbye
Thought we meant this time
Was the last, but I guess it’s never really over
Thought we drew the line
Right through you and I
Can't keep going back, I guess it’s never really over…"

Na última estrofe do verso, entoei uma nota alta e longa ao atingir a palavra "over". Meus braços se abriram conforme a nota longa ecoava pelo lugar. Fui transportado de volta para meu lugar habitual, estava na sala de artes da Carmel. Não havia mais ninguém ali, nada além do piano que tocava e o grande espaço vazio. Lembrei-me de como era me apresentar naquele lugar, mais algo que sentia saudades. Dedilhei calmamente o piano, a ponte da canção:

"Five years and just like that
My head still takes me back
Thought it was done, but I guess it’s never really over…"

Entoei mais uma nota alta ao fim do verso da música, pisei no pedal do instrumento musical, voltando a melodia ritmada e animada. Meus dedos percorreram as teclas rapidamente, cantava no microfone de frente para o piano:

"Just because it’s over, doesn’t mean it’s really over
And if I think it over, maybe you’ll be coming over again
And I’ll have to get over you all over again
(And I’ll have to get over you all over again)
Just because it’s over, doesn’t mean it’s really over
And if I think it over, maybe you’ll be coming over again
(Over you all over again).

Fazias variações entre a voz baixa e a voz alta, me preparava para o último versão da canção. Ao fazer isso, foi como se visse uma multidão ao meu redor e cantando a canção comigo. Me levantei do banquinho do piano, manuseava o pedal do instrumento musical, minhas mãos tocavam as teclas:

"Thought we kissed goodbye
Thought we meant this time
Was the last, but I guess it’s never really over
Thought we drew the line
Right through you and I
Can't keep going back, I guess it’s never really over."

Com uma nota alta e que ia diminuindo conforme a canção terminava, soltei o pedal e dedilhei as últimas notas de encerramento da música. Minha cabeça abaixou no piano, encostei a testa no tampo do instrumento musical. Enquanto respirava descompassadamente, sussurrei baixinho: - I guess It's never really over.


(C) Ross
Dexter F. Schuester
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Mensagem por Anthony Miles Sex 19 Jun 2020 - 22:55



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I keep thinking of you

Era estranho sabe? Encarar olhos no reflexo do espelho, olhos esse que em seu subconsciente sabia que lhe pertenciam, mas olhos tão diferentes, olhos esses que carregavam experiencias que os anos trouxeram. Esses olhos pesavam, isso era comprovado pelas marcas escuras nas pálpebras que as noites de insônia deixaram, marcas essas que eram quase tão escuras quanto as manchas de graxa e óleo distribuídas pelo resto de seu rosto.

Os anos não haviam sido gentis com Anthony Miles, as pontas de seus dedos que anteriormente eram acostumadas ao toque gentil das teclas do piano estavam calejadas, endurecidas pelas árduas horas de trabalho manejando chaves de fenda e outras ferramentas, sua barba que costumava estar sempre perfeitamente aparada, hoje estava crescendo pelo seu rosto. Apesar de seu atual estado desarrumado, o homem de olhos puxados ainda não tinha perdido sua beleza que fez várias garotas e garotos suspirarem na época do ensino médio, pelo contrário, por debaixo daquele macacão e rosto sujos de graxa estava um homem que ainda atraia olhares por onde passava, não que ele tivesse interesse.

Um suspiro cansado saiu por entre os lábios do homem e ele abriu a torneira da pia, jogando a água gelada em seu rosto para afastar os devaneios de sua cabeça. Todo músculo de seu corpo estava dolorido, tinha sido um dia cheio na oficina, quando Anthony assumiu a oficina da família após a morte de seu pai, não imaginava que seria tão cansativo, diversas vezes pensou em largar tudo e ir atrás de seus sonhos, mas ele não podia. Devia ao seu pai manter aquela oficina funcionando, tinha sido sua última promessa ao homem e apesar de ter atualmente uma equipe muito boa e teoricamente não precisar estar trabalhando pessoalmente na parte física do trabalho, ele se sentia mais próximo ao espirito de seu pai ali, trocando peças de carros velhos e escutando grosserias de clientes que desejavam pagar menos do que merecia.

Anthony havia perdido muitas coisas devido a certas decisões na vida. Seu sonho de tocar e compor a trilha sonora de algum grande musical na Broadway, ter seu nome reconhecido como um dos maiores pianistas do país e principalmente, havia perdido ele, Dexter. Seu peito ainda doia ao pensar no nome do seu amor juvenil, todas as noites sozinho lembrava da última vez que vira os olhos azuis brilhantes do rapaz, ele estava tão lindo.

Cinco anos atrás

O clima de Nova York era agradável nessa época do ano, a brisa leve do vento acariciava seu rosto e apesar de toda a poluição da grande metrópole, o ar estava gostoso. Era um dia lindo e apesar de toda a magia da grande maçã e do calor confortável que vinha da mão de seu amado na sua, Anthony não estava feliz. Pelo contrário, amaldiçoava em sua cabeça a beleza de tal dia que entrava em choque com a bagunça na sua cabeça no momento. Sabia o que tinha que fazer, estava decidido, mas era tão difícil. Desde que soubera da doença de seu pai tinha passado noites em claro pensando no que fazer, claro que soube de imediato, mas não queria aceitar. Anthony sabia que não podia abandonar seu pai em Akron e por mais que quisesse estar ao lado de Dexter, planejando animadamente o futuro em Nova York, sabia que esse futuro seria impossível, ele precisava ficar em Akron, cuidar de seu pai e do negócio da família.

Anthony sabia que Dexter merecia Nova York, na verdade, Dexter merecia o mundo, ele era uma estrela brilhante demais para ficar conhecido apenas em Ohio, ele merecia se entregar por completo a grande metrópole e a o que a cidade poderia lhe oferecer e Anthony sabia perfeitamente que o garoto de olhos azuis não iria fazer isso se continuasse preso a um relacionamento com uma pessoa em outro estado. Então quando ele lhe perguntou se estava algo de errado, Tony se preparou para falar o que possivelmente seriam as palavras mais difíceis na sua vida. -  O que eu vou fazer é a coisa mais difícil que já tive de fazer, Dex. Eu não posso te deixar atado a mim, você precisa viver tudo que o futuro tem guardado para você. E, infelizmente, eu sinto que não faço parte disso. Eu me culparia para sempre se não te tornasse livre para ser uma estrela e voar.

- Espera, você está terminando comigo. É isso? - O tom de fragilidade nas palavras de Dexter quase fizeram Anthony desistir de sua decisão, sabia que seria difícil, mas não imaginava que iria doer tanto assim, apesar de tem em sua cabeça que aquilo era para o bem do rapaz, não queria que tivesse que ser assim. - Você vai ser uma estrela, Dexter. Você nasceu para isso, e você vai conseguir. Eu não posso mais nos enganar, nem a você e nem a mim. Tudo que vivemos serão bonitas memórias, mas eu preciso te deixar ir.  - Os cantos dos olhos puxados de Tony ardiam, as lágrimas queriam cair, mas ele se forçou a segurar, não poderia fraquejar naquele momento. - Você não pode desistir da gente. Não desiste de mim, nós podemos achar uma forma de conter a distância. Por favor?! - O calor das mãos de Dexter nas suas era confortante, mas Tony sabia que não poderia continuar com aquilo, ele tinha que ir embora, antes de magoar ainda mais o outro rapaz. O beijos suave nas mãos macias de Dexter tinham um sabor, o sabor de despedida e esse sabor era o mais amargo que já havia sentido. - Eu sinto muito por isso, Dex. Mas eu sigo na esperança de ver você brilhar, e você irá.

Soltar as mãos dele foi difícil, mas Anthony conseguiu, o calor então deu lugar a um frio profundo e enquanto se afastava, de costas para o grande amor de sua vida, sentiu um gosto salgado nos lábios, percebendo em seguida que aquele gosto era das lágrimas que caiam como uma cachoeira de seus olhos. No entanto ele nunca olhou para trás, não olhou enquanto suas lágrimas caiam, não olhou enquanto os gritos de Dexter cortavam seu coração e definitivamente não olhou quando o avião para Ohio decolava. Anthony nunca olhou para trás, pois sabia que se olhasse iria cair a tentação de voltar.

Dois anos atrás

A vida tinha sido monotona em Akron, o seu pai havia falecido há dois meses atrás, a luta contra o cancer tinha sido perdida. Após o enterro de seu pai Anthony pensou muito no que fazer, tinha ficado em Ohio todo esse tempo para cuidar da oficina e dele e apesar da oficina ainda precisar de cuidados, o motivo principal sempre havia sido o velho Miles. Então Anthony tinha feito o que queria fazer há muito tempo e comprou uma passagem para Nova York, passagem essa que estava encarando há um bom tempo.

- Então você vai mesmo? E se ele já tiver seguido em frente Tony? - A voz feminina fez com que os olhos do homem levantassem encarando a  fonte. Pandora Whitehill, quem imaginava que eles se tornariam amigos? Mas a garota de cabelos escuros tinha sido uma das poucas que havia ficado em Ohio dentre os integrantes do Vocal Adrenaline e depois de um encontro aleatório na oficina no qual ela havia levado o carro para uma revisão, os dois começaram uma amizade surpreendente boa. - Eu tenho que fazer isso Panda, senão irei me arrepender para sempre. - Respondeu Anthony voltando a fitar a passagem em suas mãos, ele estava indo Dexter.

No outro dia Anthony já estava em Nova York, a viagem tinha sido rápida e seu coração estava tão acelerado que ele sentia que iria escapar pela sua boca. Estava ansioso e mais animado do que já se lembrou estar, tinha passado no hotel rapidamente e deixado suas malas, estava atrasado. Tinha descoberto pela internet que um aluno de NYADA tinha conseguido um papel numa reprodução de Rent e é claro que era ele, o nome de Dexter em destaque na parte do site que tinha o nome dos integrantes de elenco deixou Anthony feliz, ele estava brilhando como Tony sempre soube que brilharia.
Tinha planejado ir assistir no teatro a apresentação dele, comprou uma única rosa como havia comprado naquele dia em que levou o garoto de olhos azuis para o baile, mas infelizmente alguns problemas na sua reserva do hotel e o trânsito de Nova York não haviam colaborado, o musical já deveria ter chego ao fim e Anthony só esperava chegar a tempo de encontrar Dexter antes que ele fosse embora.

Anthony pagou apressadamente o taxista e desceu algumas quadras antes do teatro, a rosa parecia pesada entre seus dedos suados pelo nervosismo, mas o sorriso continuava em seu rosto. Esse sorriso sumiu quando ao caminhar pela quinta avenida viu de relance a pessoa que esperava encontrar, só que ao contrário do que imaginava ele não estava sozinho. Segurando a mão de Dexter e andando perto de uma forma intima demais para ser somente um amigo estava outro homem. Dexter parecia confortável com a proximidade e mesmo de longe Anthony conseguia imaginar os olhos azuis de Dexter brilhando da mesma forma que brilhavam ao encarar os seus próprios. No fundo de sua cabeça escutou novamente as palavras de Pandora. ''E se ele já tiver seguido em frente Tony? '' Ele havia seguido e parecia bem demais com aquilo. Anthony então soltou a rosa no chão e mais uma vez foi embora de Nova York sem olhar para trás.

Se na viagem de ida nervosismo e felicidade eram os sentimentos dentro do coração de Anthony, na viagem de volta ciúmes, tristeza e raiva tomaram o lugar. A sua raiva não era de Dexter, mas sim dele mesmo, ele que havia deixado o garoto ir, é claro que algum idiota de nariz empinado iria ver o mesmo que Anthony havia enxergado e agarrar para si o que o asiático havia perdido. Diziam que a imaginação era o pior inimigo dos apaixonados e Anthony entendia agora porque falavam isso, imaginava Dexter com outro homem, beijando outro homem, fazendo coisas com outro homem que ele só havia imaginado um dia fazer com o garoto. O ciúmes alimentava a raiva dentro de si e ao chegar em Akron, não foi para casa como deveria, ao invés disso, se viu batendo a porta de outra residência.

- Tony? O que está fazendo aqui? - A voz de Pandora estava carregada de confusão e Anthony ao encarar a mulher ali parada na porta, vestida apenas com uma camisola fina que acentuava suas curvas voltou a pensar em Dexter que provavelmente estava na cama com aquele homem e sua raiva voltou. Sem pensar muito nas consequencias, Anthony avançou em direção da mulher tomando seus lábios entre os seus em um beijo desleixado.

Um ano e três meses atrás

O cheiro de produto de limpeza queimava suas narinas, suas pernas balançavam sem parar e seu coração estava acelerado. Anthony não esperava que aquela noite impulsiva na casa de Pandora lhe traria até aquele momento na sala de espera de um hospital. Quando Pandora chegou na oficina um mês depois com o resultado de um teste de gravidez, o homem não tinha vergonha em dizer que desmaiou. Naqueles oito meses depois de descobrir sua futura paternidade Anthony prometeu diariamente que seria o melhor pai do mundo, apesar de não ter mantido um relacionamento amoroso com Pandora depois daquela noite não deixou que a mulher passasse por nenhuma dificuldade durante a gestação, acompanhou em todas as consultas e forneceu tudo que o bebê poderia precisar trabalhando o máximo que podia na oficina.

Tudo isso agora parecia distante naquela sala de espera, o parto já durava horas e após os aparelhos dispararem com um apito estridente, as enfermeiras haviam lhe retirado da sala as pressas, toda sua companhia no momento eram as paredes irritantemente brancas do local e suas orações para que tudo desse certo. A porta da sala então foi aberta e os olhos de Anthony fitaram o médico que saia lentamente por elas.

- É um menino Sr. Miles. - As palavras que saíram por da boca do homem demoraram a ser compreendidas por completo pelo cérebro de Anthony e a felicidade que lhe atingiu foi profunda, no entanto essa felicidade não durou muito. - Aconteceram algumas complicações... Infelizmente a Sra. Whitehill não resistiu, sinto muito.

O céu e o inferno em poucos segundos. Isso era o que Anthony sentiu em pouco tempo naquele hospital. A felicidade de saber que seu filho havia nascido era imensa, mas a tristeza de saber que Pandora não resistiu era quase tão grande quanto. Apesar de não ser amar a mulher de forma romântica, ela havia se tornado sua melhor amiga naqueles anos e saber que ela não estaria ao seu lado para ver o filho deles crescer doia, doia imensamente.

Atualmente

Seu filho, Ray, tinha sido nomeado com o mesmo nome de um dos maiores pianistas que já existiu, Ray Charles Miles era o motivo pelo qual Anthony permanecia trabalhando na oficina e era um dos poucos que arrancava um sorriso de seus lábios atualmente. Ele era sua fonte de orgulho e saber que Pandora não podia estar lá para ver seus primeiros passos, para se desesperar em sua primeira febre, machucava o coração de Anthony.

- Bryan, estou saindo, o Chevette precisa ter a mangueira trocada e a revisão do carro do Sr. Whitaker está pronta e ele deve chegar no fim da tarde. - Avisou ao seu principal funcionário enquanto saia da oficina e ia em direção a sua moto estacionada próximo ao local. O macacão ainda estava em seu corpo, com a parte superior caindo frouxamente na sua cintura e uma regata preta cobrindo seu torso, felizmente havia lavado o rosto e os braços antes de sair no banheiro da oficina, então estava com uma aparência um pouco melhor do que antes.

A babá ainda ficaria com Ray algumas horas então Anthony pilotou a moto em direção a um lugar que costumava ir pelo menos uma vez na semana durante todos aqueles anos, em pouco tempo aconteceria uma reunião dos integrantes de coral de Ohio e Tony não havia decidido ainda se iria. A morte de Pandora e o término com Dexter ainda estavam presentes na sua cabeça e sinceramente, ele tinha medo de reencontrar pessoas que lhe lembrassem tudo que viveu no ensino médio em Carmel. Apesar de tudo que passou, ainda pensava no garoto de olhos azuis antes de dormir.

Apesar da hora, a escola parecia bem animada quando Anthony estacionou a moto. Ao entrar pelos corredores alguns alunos que provavelmente ainda estavam na escola olharam rapidamente em sua direção, mas não deram muita atenção. Andando em direção a sala de artes percebeu que algumas líderes de torcida cochichavam perto dos armários e seus ouvidos atentos apenas ouviu vislumbres de palavras que pareciam soar como "estrela da broadway" e "ex-aluno", mas não deu muita atenção.

A sala de artes de Carmel era importante para Anthony, um dos seus momentos mais importantes com Dexter havia sido naquela sala, lembrava com carinho do piquenique com o rapaz, eles estavam tão em paz naquele dia, encarando o sol pintado no teto da sala e aproveitando a companhia um do outro. Sempre que Tony ficava sobrecarregado pela pressão de sua vida ou as lembranças do passado costumava ir até ali, pois normalmente estava vazia.

Aparentemente aquele dia não era um daqueles dias, pois ao abrir a porta escutou uma voz cantando que não escutava há cinco anos, ele nunca poderia esquecer aquele timbre, pois estava presente todas as noites em seus sonhos. Primeiro Anthony pensou estar alucinando, mas ao piscar com força e a figura que terminava a melodia encostar seu rosto no piano continuar presente, suas pernas se moveram sozinhas e Anthony se viu diante do homem sentado no piano. Seu coração estava acelerado e seus lábios se abriram deixando o nome do homem que havia amado durante todo esse tempo sair vacilante por entre eles.
- Dexter?


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Mensagem por Dexter F. Schuester Seg 22 Jun 2020 - 0:38

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2 anos antes

Me mantive na parte escondida do palco, uma daquelas laterais que todo palco possuía. Conforme os candidatos iam se apresentando, meu nervosismo subia mais e mais. Eu sabia que era bom, apesar de toda e qualquer inseguranca que eu possuía. Aquela audição significava muitas coisas para mim, sobretudo, o começo da minha carreira como ator da Broadway. Se eu conseguisse, aquele seria o meu primeiro papel significativo para o currículo. Como o último candidato a se apresentar, escutei a voz da bancada de jurados chamar o "próximo candidato". Meu corpo gelou por um segundo, me mantive parado ali. Não havia muito o que fazer, caminhei a passos lentos para o centro do palco, quatro pares de olhos me encaravam curiosos. Uma banda estava a postos para tocar a música, apenas disse ao microfone:

- Boa tarde, meu nome é Dexter Schuester. Eu sou de Ohio. Bom, eu sei que eu poderia cantar qualquer música da Broadway, como esperado e como meus concorrentes fizeram, mas eu decidi seguir numa direção um pouco oposto ao que se pode esperar. Sei que é arriscado, no entanto, a música é a arte devem refletir aquilo que sentimos. Eu conheci o amor da minha vida cantando essa música… - A minha voz vacilou por alguns instantes, lembrar de Anthony, mesmo após três anos, ainda doía muito. - Decidi fazer a minha própria versão dessa canção. Eu vou cantar "Hit The Road Jack", do Ray Charles.

Fechei meus olhos por alguns breves instante, a banda iniciou a música quando dei um aceno com a mão. Seria minha grande chance, quem sabe a mais importante delas.

(...)

Mediante uma pergunta com meu nome, ergui o rosto. Eu não precisaria ver quem dizia, aquela voz me acompanhava para todos os cantos que ia. Ouvi aquela voz em meus sonhos mais doces, muitos deles enquanto estava internado na clínica de reabilitação. Aliás, mesmo com uma mágoa branda por tudo que ouve, foram as memórias de Anthony que me fizeram alegre e são durante aquele período pesado e obscuro da minha existência. Eu sempre pensei se um dia eu encontraria outra vez, se encontraria. Pensava sobre o que eu diria a ele, o que ele me diria. Eu nunca tive respostas acerca daqueles questionamentos internos. E lá estava ele, diferente, mas tão bonito quanto na época em que o vi pela primeira vez.

Anthony já não tinha mais a mesma aparência adolescente, agora tinha barba tanto quanto eu. Seu corpo parecia mais musculoso do que em nossa época escolar, no entanto, aqueles olhinhos puxados que sempre me encantaram ainda estava ali. Eu não sabia que expressão esboçar, imaginava o que ele já teria ouvido a meu respeito através da mídia. Isso não deveria importar, afinal, Anthony já havia acabado comigo há anos. Havíamos nos separado, o que não nos dava o direito de criar julgamentos ou represálias sobre o outro. Ao vir para Ohio, eu sabia que corria o risco de encontrá-lo uma outra vez, estava claro para mim. Apenas não imaginei que seria tão rápido, ainda mais naquele lugar que significava tanto para nós. Naquela mesma sala, há cinco anos, eu impedira Anthony de dar um maior passo na nossa relação. Aliás, um dos muitos complexos que eu nutria, algo que também ajudou no meu quadro depressivo, era que Anthony tinha acabado comigo pelo fato de nunca termos ido até o fim no que dizia respeito ao sexo.

Era uma das minhas tantas inseguranças: Meu corpo, a maneira que eu parecia. Respirei fundo, coloquei uma expressão branda em meu rosto: - Anthony Miles… - Seu nome saiu por minha boca de uma maneira doce e calma. Processo as palavras em minha cabeça, aquilo que eu conseguiria falar para aquele que era meu primeiro amor. - Parece que nos encontramos mais rápido do que deveríamos esperar. - Me virei no banquinho calmamente, colocando-me de frente para o recém chegado, cruzei as pernas de forma elegante. - Deveria me desculpar por invadir a Carmel dessa forma? Perdão, foi mais forte que eu. Meu coração pedia que eu viesse até aqui, e já faz um tempo que eu prometi para mim mesmo que faria tudo que ele me dissesse para fazer.

Posicionei minhas mãos acima das pernas cruzadas. Mantive meus olhos encarando seu rosto, uma coisa que eu amava fazer no passado. Ficava olhando seu rosto, apenas o silêncio tomando conta de onde quer que estivéssemos. Não precisavam beijos, abraços, nada. Era apenas olhar seu rosto e guardá-lo como uma fotografia em minha mente. Olhar para ele, de uma maneira estranha, fez com que toda mágoa ou ressentimento fosse embora. Havia aprendido muito na terapia, principalmente como não alimentar sentimentos negativos. Uma parte do meu coração se suavizou diante da presença dele. Desviei meus olhos dele, avaliei os aspectos da construção e as mudanças que tinham passado em meu período de ausência da escola: - Tudo mudou tanto, parece que o tempo não parou nem mesmo para a Carmel High. Engraçadas essas mudanças da vida, não é? Estou falando coisas aleatórias, pois não sei exatamente o que falar.

- Eu sempre pensei muito nesse momento, sabe? Pensei no que você me diria, no que eu te diria. Na verdade, eu nem esperava que pudéssemos ter essa chance. Acho que nossas imagens falam por si só, você mudou, eu mudei. - Ao dizer aquilo, minha mão esquerda tocou as costas da minha mão direita no exato lugar onde residia a cicatriz feita com os pedaços do vidro do espelho. Aquela cicatriz sempre me recordaria daquele dia, a briga com Calvin, a bebida e os remédios. - Eu tive muita raiva de você. Primeiro eu sofri por meses, posteriormente fui para a terapia. E foi depois de ano que eu passei a sentir a raiva. Mas aí, com o tempo, eu percebi que não importava a raiva que eu tivesse sobre ti, isso não iria te trazer de volta para mim ou a minha mente sã de volta. E eu desisti daquele sentimento. - Tornei a olhar seu rosto, encarei os mesmos fixamente. - Uma sensação de paz tomou conta do meu corpo, eu estava desabafando todas as coisas as quais resisti por anos. E, apesar de tantas verdades sobre meu estado, não pude deixar de apreciar como seu rosto prosseguia belo e encantador. Uma nova fotografia dele se instalou permanentemente em minha cabeça.


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Mensagem por Anthony Miles Ter 23 Jun 2020 - 4:46



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Anthony mesmo após todos esses anos ainda não havia entendido o efeito que Dexter Schuester causava dentro de si. Aqueles olhos azuis lhe encarando, tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes fazia com que seu estômago tremesse em nervosismo. O asiático queria avançar na direção de Dexter, abraçar o homem diante de si, tomar aqueles lábios rodados entre os seus, mas Anthony sabia que não podia fazer isso, pelo menos não agora. Tinha tantas coisas para falar e aparentemente o homem de olhos azuis também.

E falar foi o que ele foi, a voz de Dexter era carregada de algo que a princípio Anthony não soube direito identificar, mas a medida que o homem na sua frente falava ele conseguiu perceber o que era. Frustração. Dexter parecia frustrado.
Anthony observava Dexter enquanto ele falava em fascinação parado no mesmo lugar, relutava em se mover e o outro desaparecer da sua frente, tentava gravar com os olhos o máximo de detalhes que podia sobre o outro, Anthony bebia a visão do homem que amava diante de si como um alcoólatra bebia uma dose de álcool depois de dias. Prestava atenção a todos os detalhes e quando a mão do rapaz lhe revelou uma cicatriz que não existia antes, as sobrancelhas de Anthony se franziram em preocupação.

Claro que tinha ouvido de relance algumas coisas sobre Dexter, apesar de preferir não acompanhar avidamente a carreira do outro por não querer se torturar ainda mais, ele sabia que a carreira de Dexter estava em ascensão, mas que também existiam diversos rumores sobre reabilitação, terapia e coisas desse tipo. Não dera muita importância a esses rumores, pois sabia que a mídia era sensacionalista, mas com Dexter falando na sua frente, parecia que aqueles tablóides tinham um fundo de verdade.

Anthony finalmente saiu do transe em que se encontrava quando o outro terminou de falar, naquele momento milhares de coisas passaram pela sua cabeça a falar, mas ele decidiu pela a mais insistente e deu um passo a frente para mais perto do outro homem antes de falar. - Eu senti sua falta. Era uma das poucas vezes que Anthony sentiu vontade de ser impulsivo, mas ao ter o outro ali tão perto fez com que o asiático agisse com o seu coração. Andou rapidamente para a frente e se ajoelhou na frente do banco no qual Dexter estava sentado e antes que o outro pudesse pensar em afasta-lo, Anthony envolveu os braços com firmeza ao redor do corpo do homem de olhos azuis, ele precisava abraçar Dexter. - Eu senti tanto sua falta Dex, você não tem noção. - Anthony apertou o corpo de Dexter contra o dele com força enquanto murmurava aquelas palavras. O cheiro de Dexter continuava o mesmo e Tony aproveitou ao máximo para inspirar aquela fragrância. Tocar nele novamente era algo que parecia tão distante antes daquele dia.

O asiático permaneceu naquela posição alguns instantes, aproveitando o calor do corpo do outro homem, mas sabia que precisavam conversar, tinha tantas coisas a falar e a ouvir. Respirou fundo uma última vez antes de soltar o corpo de Dexter e se afastar, mas permaneceu ajoelhado na sua frente e pegou as mãos do garoto entre as suas.
Os olhos de Anthony observaram as mãos de Dexter analisando a cicatriz presente em uma delas, estava curioso, mas não iria forçar a pergunta naquele instante. - Você ganhou alguns músculos. - Falou em tom de brincadeira tentando quebrar o clima estranho da sala levantando o olhar para encarar aqueles olhos que tanto pensou nos últimos anos. - Eu espero que esteja comendo bem e não só besteira, eu imagino a correria que deve ser, mas você não pode viver só de pizza, principalmente a pizza de nova york.

As palavras saíram de seus lábios em uma tentativa de ganhar tempo, mas também eram carregadas de preocupação e carinho. Anthony sabia que não poderia ficar dando voltas no assunto eternamente, respirou fundo e naquele momento achou os olhos de Dexter intimidadores pela primeira vez.
- Eu fui te ver… Em Nova York, há dois anos atrás… - Revelou em um tom baixo desviando o olhar para o chão, aquela lembrança ainda era dolorosa e não queria arriscar derrubar nenhuma lágrima na frente dele. - Eu tinha visto o seu nome em um remake de Rent na internet, fiquei tão feliz por você. Eu comprei a passagem e no dia seguinte estava em Nova York, eu iria lhe assistir, mas o trânsito estava uma loucura e quando eu cheguei lá o show já tinha acabado e você parecia estar muito bem acompanhado. - Mesmo sem desejar as palavras saíram em um tom de amargura de seus lábios, a cena de Dexter andando de mãos dadas com outro homem lhe assombrou por muito tempo.

- Eu fiquei com raiva, é ridículo não é? Eu nem sequer deveria ter o direito de ter raiva. - Anthony mordeu o próprio lábio inferior com força e voltou a encarar os olhos azuis de Dexter antes de falar. - Depois daquele dia eu voltei para Akron e nunca mais te procurei, você estava muito bem sem mim.


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Mensagem por Dexter F. Schuester Qua 24 Jun 2020 - 12:04

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Durante os segundos que fiquei parado a observar Anthony, o que veio a seguir não era algo que eu esperava dele. Acredito que eu e Miles sempre nos completamos, pois ele representava toda a razão. A pessoa que conseguia olhar racionalmente para qualquer momento, centrado e objetivo. Já eu, por minha vez, portava toda a emoção que um ser humano podia carregar dentro de sua própria existência. O pequeno sonhador que havia sido moldado pelo mundo. Agora, naquele momento, eu apenas vi Anthony se ajoelhar diante de mim é me abraçar ternamente. Meu corpo estremeceu brevemente com sua proximidade e seu toque em mim: - Eu senti tanto a sua falta, Dex. Você não tem noção. - Ao ouvir aquilo, eis que meu coração se sentiu aquecido e abraçado, bem mais abraçado que o meu corpo por parte dele. Respirei fundo e afastei qualquer possibilidade de um choro naquele instante, eu não podia chorar ali, não podia deixar aquilo acontecer na primeira vez que o via pessoalmente, isso após tantos anos.

Guiei minhas mãos, cautelosamente, até seus cabelos escuros. Acariciei aquela região, era minha forma de corresponder seu gesto afetivo e delicado. Calmamente, eis que abaixei um pouco da minha cabeça, encostei a mesma junto da dele. Eu nunca esperaria que nosso encontro pudesse ser daquela forma, ainda mais com tanto a ser dito entre nós: - Eu sei que admitir isso é voltar a quem eu era há cinco anos atrás, mas eu senti sua falta em todos os dias, Tony. Em meus piores momentos, principalmente no dia em que ganhei a cicatriz no punho, foi de você que eu estava me recordando. - O abraço foi cessado, ele apenas segurou minhas mãos entre as suas. Apertei suas mãos entre as minhas, obviamente eu tinha mais forças agora pois, como ele citou, eu tinha alguns músculos. Deixei uma breve risada doce escapar de meus lábios, principalmente ao escutar sobre a pizza de NY. - Eu estou me alimentando bem, faz parte de todo acompanhamento psicológico. Hábitos saudáveis, assim dizem eles.

Me calei, pois Anthony ainda parecia ter muito a falar para mim. Fui um bom ouvinte, bem mais do que eu era na época de estudante da Carmel: - Você foi me ver em Nova York? - A minha voz saiu acompanhada de uma pergunta terna e doce. E eu lembrei, lembrei daquela noite e quando andava com Calvin na rua. A época na qual eu pensava que havia encontrado o meu pedacinho de paz na terra. Como eu estava errado e iludido. Percebi que ele desviou o olhar ao comentar sobre aquilo, e conhecendo ele como eu conhecia, ficou claro que Anthony Miles estava a evitar um choro. Ele não deveria sentir raiva, eu não deveria sentir. No fundo, aquilo ainda era parte do amor que sentíamos um pelo outro. Minha avó sempre dizia que existem pessoas e pessoas, mas são poucas as que deixam uma marca permanente em nossos corações. E, em meu caso, Tony era aquela pessoa. Apenas uma marca profunda como o meu amor por ele, era capaz de fazer tantos sentimentos florescerem mesmo após um final. Continuei segurando as mãos de Anthony, tentei manter meus olhos fixos aos dele, gostaria de dizer aquelas palavras:

- Eu sei que deve estar pensando muitas coisas de mim, ainda mais depois de ter me visto com o Calvin, mas foi apenas uma tentativa desesperadora de seguir em frente. Esse não é o melhor lugar para termos essa conversa, Anthony, mas é a hora certa. Quando você foi embora, poucos meses depois eu fui diagnosticado com depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico. Passei a fazer acompanhamento com médicos da cidade, pois eu me sentia insuficiente, achava que você ter me deixado era culpa minha. Não me senti digno de ser amado, digno de você. - Parei um pouco, respirei e continuei. - Fiquei sozinho por muito tempo, tempo suficiente para me martirizar e me culpar por aquele término. Foi nessa época que eu descobri o álcool, bem como a paz que eu sentia ao ingerir mais medicamentos do que devia. Pouco depois, logo quando consegui o papel em Rent, conheci o Calvin. E me pareceu que daquela vez o amor ia sorrir para mim. Eu estava errado, pois ainda fiz dele meu assessor. Ao menos consegui ficar sem beber enquanto estava com ele, porém, os anos passaram e o relacionamento mudou, ele mudou. Calvin passou a viver pelo dinheiro, mal perguntava sobre como eu estava. Eu odeio lembrar disso, Anthony, mas tivemos uma briga há dois meses atrás. E ele disse que… - Parei brevemente, recordar daquelas palavras me feria mais do que qualquer coisa. - Ele disse que ninguém queria estar perto de mim. Até você, meu namoradinho de uma cidade pequena, havia me jogado fora.

Lembrando daquele momento, senti uma lágrima descer pelo canto do olho esquerdo: - Naquela noite, totalmente quebrado, eu ingeri uma grande quantidade de ansiolíticos e bebi uma garrafa de whiskey envelhecido. Eu entrei num enorme colapso emocional, então, eu me vi no espelho, meu antigo eu, o menino sonhador. Ele estava decepcionado e ferido, e na tentativa de fazê-lo sumir, eu deferi um soco no espelho. - Ergui a mão para destacar a cicatriz no punho, fiz aquilo para que ficasse totalmente visível aos olhos de Anthony. - Eu caí no chão, estava tonto e enjoado. Ainda consegui ligar para a emergência, e apaguei. Bom, depois disso, acho que você deve ter lido ou visto na TV. Fiquei numa clínica para dependentes químicos por pouca mais de um mês. Eu nunca reconheci que eu precisava de ajuda, não aceitava minha condição. - Olhei bem para aquele que conheceu o meu antigo Dexter, um menino doce e que acreditava em contos de fadas. - Como diria a própria Katy Perry, alguém que eu sei que você sabe que eu sempre amei: Eu sou romântico, e eu quero acreditar que aquelas histórias são reais. E, num dia, eu simplesmente percebi que o meu conto de fadas não existia mais.

Soltei as mãos de Anthony, levei as mesmas ao meu próprio rosto. Um choro descontrolado e doloroso irrompeu de mim: - A cada dia mais, conforme o tempo passava, eu ia matando um pedaço do pequeno Dexter, pois eu sabia que ele iria levar a memória do grande amor que sentiu por você com ele. Eu destruí a pessoa que você amava, e eu sinto muito por isso. - Eu soluçava e tremia sentado no banquinho. Ninguém, exatamente ninguém, sentia mais falta daquele menino doce e sonhador do que eu.


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Mensagem por Anthony Miles Sáb 18 Jul 2020 - 4:45



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Como um mero encontro poderia despertar tantos sentimentos controversos em poucos minutos? Anthony não entendia como funcionava, mas aquele reencontro com Dexter lhe causava isso. Ele estava feliz, aliviado em rever aqueles olhos azuis, mas a medida em que Dexter lhe contava o que aconteceu durante esse tempo em que esteve em Nova York a felicidade começou a ser compartilhada com outros sentimentos, raiva, tristeza e culpa.

Anthony sentia raiva do homem cujo qual Dexter encontrou, Calvin, ele ousar dizer tais coisas que eram mentira lhe deixava enfurecido. A tristeza era pelo fato do homem de olhos azuis ter passado por tudo aquilo, a tristeza que se escondia no fundo daqueles olhos lhe deixava triste e a culpa, a culpa era o maior sentimento, Anthony sentia vergonha de encarar os olhos de Dexter porque sabia que tudo aquilo era culpa sua, se ele não tivesse o abandonado em Nova York…

O soluço cortado que saiu dos lábios de Dexter tirou Anthony do mar de sentimentos ruins, ele não podia se perder em sua própria culpa e deixar seus sentimentos interferirem no que ele precisava fazer. Anthony levou as mãos até o rosto do outro homem e enxugou com a ponta dos dedos suas lágrimas.
- Shhh… Calma meu anjo, vai ficar tudo bem… Você não está sozinho. - Sussurrou carinhosamente enquanto enxugava as lágrimas de Dexter. Anthony sempre soube que Dexter era frágil e encarar aquela fragilidade lhe assustava, principalmente depois de saber tudo que aconteceu. Ele poderia ter morrido, Dexter poderia ter morrido e Anthony nunca mais teria visto aqueles olhos azuis ou aqueles lábios.

Aqueles lábios… Uma de suas mãos se abaixou um pouco até tocar gentilmente naqueles lábios e o olhar de Anthony seguiu. Sem pensar muito Anthony acabou com a distância e pressionou os lábios contra os de Dexter. Foi rápido, sem pensar muito, apenas um breve toque, mas aquele breve beijo fez com que uma corrente elétrica repleta de sentimentos passasse por todo o seu corpo.Assim que um breve momento que não durou mais do que alguns segundos passou, Anthony se afastou com as bochechas coradas.

- Desculpe… E-eu só senti sua falta. - Ele não se costumava ficar envergonhado e só Dexter conseguia fazer com que se sentisse assim. Respirou fundo e voltou a segurar as mãos do moreno, traçando com polegar a cicatriz presente no dorso de uma delas. - Dex, você não destruiu a pessoa que eu amo, porque essa pessoa é você. O tempo passou, tantas coisas aconteceram e eu sinto muito por não ter estado com você, mas você é o Dexter, você tem os mesmos cabelos escuros e olhos azuis, você tem a mesma voz, o mesmo cheiro… Eu… Eu amo você, não importa quantas cicatrizes você tenha, você é a pessoa que eu amo, com todas as imperfeições que te tornam perfeito.

Era difícil admitir que ainda amava o rapaz encarando os olhos dele, claro que Anthony tinha certeza de seus sentimentos e sabia que amava Dexter, mas admitir aquilo olhando aqueles olhos azuis lhe deixavam inseguro, principalmente pelo outro ter outra pessoa.

- Você não precisa responder isso agora… Tem esse outro cara e aconteceram tantas coisas que você precisa saber. - A imagem do pequeno Ray passou pela sua cabeça, não sabia como Dexter iria reagir a isso, o relógio na parede da sala lhe lembrava a sua mais maravilhosa responsabilidade. Mas ele precisava falar. - Eu tenho… Eu tenho… Eu tenho um trabalho na oficina da minha família… Tanta coisa mudou. - Anthony tentou falar, ele tentou contar a Dexter sobre Ray, mas seu medo lhe venceu, tinha medo do que o outro pensaria de si.


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